quinta-feira, 28 de dezembro de 2006


ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE ANADIA

ORÇAMENTO, PROTESTOS E MOÇÕES


Foi bem recheada a última assembleia municipal do ano em Anadia. O objectivo era votar o Orçamento e Plano, mas a reunião acabou por ficar centrada nas moções contra o encerramento das Urgências e o eventual fecho da Estação Vitivinícola. Pelo meio, um voto de protesto contra a nova Lei das Finanças Locais



A votação do Orçamento e Plano de Actividades da Câmara de Anadia, avaliado em 19 milhões de euros era o tema central agendado para a reunião da Assembleia Municipal realizada no último sábado. Mas o que se desconhecia era que a reunião acabaria por centrar as suas atenções nas moções e voto de protesto apresentados no período de antes da ordem do dia.
O possível encerramento das Urgências do Hospital de Anadia está, de facto, a preocupar toda a comunidade local, e isso ficou evidente nesta assembleia. Todas as bancadas políticas se pronunciaram sobre a matéria, tentando encontrar razões, explicações e fazendo comparações com outras unidades hospitalares, ficando evidente que o encerramento daquele serviço é já mais que provável.
Essa probabilidade ficou expressa nas palavras de Litério Marques, presidente da autarquia. Dando conta de um encontro que manteve com a tutela, há poucos dias, onde o tema central foi o futuro do Hospital de Anadia, o autarca deixou claro que regressou do encontro com a secretária de Estado da Saúde, com a sensação de que, de facto, o encerramento das Urgências em Anadia pode mesmo acontecer.
Perante estas palavras, a bancada da CDU não perdeu tempo, apresentando uma moção contra esta possibilidade de fecho das urgências. «Não devemos cruzar os braços, mas antes protestar com todas as nossas forças», referiu o deputado João Morais da CDU. Uma moção que inicialmente contemplava a realização de uma vigília, mas cuja pretensão acabou por ser retirada, depois de muita discussão sobre a matéria, já que os deputados socialistas diriam que nunca poderiam votar a favor de moções que «desvirtuam o seu sentido, introduzindo-se coisas que não passam de tentativas de fazer política». «Não apoiamos moções baseadas em especulações», acrescentaria o socialista Cardoso Leal.
Por seu lado, Sérgio Aidos (PSD), presidente da Junta de Freguesia de Sangalhos, foi mais longe na sua indignação sobre esta matéria e quis comparar o Hospital de Anadia ao de Águeda. «Águeda não tem condições melhores que o Hospital de Anadia e vai continuar a funcionar com as suas urgências. Isto será porque em Águeda, o poder pertence ao PS e em Anadia ao PSD?», interrogou-se o autarca. Uma dúvida que parece também ser partilhada por Litério Marques que, logo a seguir, acrescentou: «Toda a gente sabe que as condições físicas do Hospital de Águeda não são melhores que as nossas… nota-se aqui alguma diferenciação de tratamento».
A bancada do PS rejeitou a comparação feita. Para a socialista Áurea Mendes, as pessoas não se podem esquecer que em Águeda, «as urgências funcionam com várias especialidades, enquanto em Anadia não existem especialidades, as condições físicas não são tudo». A acrescentar a isto, Daniel Meira (PS) diria que «muita da responsabilidade disto é da administração do hospital, pois é a ela que compete administrar o quadro clínico»
Colocada à votação, a moção contra o encerramento das Urgências do Hospital acabaria por ser aprovada.
O mesmo sentido de voto foi dado à moção apresentada pelo PSD, manifestando-se preocupada com o eventual encerramento da Estação Vitivinícola da Bairrada.

(LER NOTÍCIA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO IMPRESSA DE 27-12-2006)

Assembleia Municipal da Mealhada

Cabral ignorou dúvidas da oposição… que ficou em «brasa»


A bancada do PSD na Assembleia Municipal nem queria acreditar. Colocou uma série de dúvidas sobre o orçamento e opções do plano da autarquia para 2007. Mas Carlos Cabral ignorou as perguntas. Quem não se conteve foi o social-democrata Mano Nunes. Inconformado com a atitude, não hesitou em chamar de «arrogante, prepotente e autista» ao presidente da edilidade. Indignados, aos social-democratas só restou votaram contra o documento, valendo a maioria socialista para validar o Orçamento da autarquia para 2007


Isabel Gomes Moreira

Mano Soares foi quem mais se insurgiu contra a atitude do presidente da Câmara, ao não responder às questões levantadas pelo social democrata António Miguel Ferreira, considerando o acto “uma desconsideração” por parte do edil.
António Miguel Ferreira questionava o presidente sobre as previsões das receitas: “Sobre as receitas de capital, verificámos que em 2006, dos 7.684.642, 00 euros, somente foram cobradas, até 11 de Dezembro, 3.159.521,00 euros”, que em termos percentuais dá um valor de 41% de cobrança. Será este valor excessivamente baixo?”, questionou o membro social democrata, falando ainda na receita que a Câmara prevê arrecadar com a venda de terrenos e edifícios, interrogando-se “se não será essa uma previsão demasiado optimista?”.
António Miguel Ferreira questionava ainda o executivo sobre “a elevada quantia colocada na rubrica outras”, que segundo o social democrata “corresponde a 3,11% das receitas previstas neste orçamento”.
O membro social democrata lançou ainda outras questões, nomeadamente sobre as razões que justificam “uma previsão da diminuição de receita, em cerca de 7% em relação ao ano passado” e sobre “a diminuição de verbas atribuídas às associações culturais e recreativas”.
As perguntas de António Miguel Ferreira não se ficaram por aqui, querendo ainda saber se a Câmara “tem garantias governamentais ou protocolos que permitam inferir que a plataforma rodoferroviária da Pampilhosa vai mesmo avançar” e se a “verba incluída em orçamento de 2006 para a remodelação da Av. Navarro no Luso foi utilizada”.
António Miguel Ferreira, durante a sua intervenção, criticou ainda “o secretismo” à volta do campo de golf da Pampilhosa, questionando Carlos Cabral sobre “se será este ano que vamos ter algo de concreto sobre esta matéria”.
A intervenção de António Miguel Ferreira surgiria após as explicações de Carlos Cabral sobre o orçamento: “este documento tem uma característica fundamental: o rigor”. O presidente da Câmara, durante a sua intervenção, destacaria ainda algumas das “apostas” da Câmara, falando nomeadamete da zona industrial da Pedrulha, plataforma rodoferroviária da Pampilhosa e o reforço no sector da educação.
“Estamos esclarecidos quanto à posição do PSD”, disse Cabral em resposta a António Miguel Ferreira, que disse que “só o executivo socialista é reponsável pelas suas opções, uma vez que não ouviu os membros das outras forças políticas”. Parco em palavras o presidente fez dois ou três esclarecimentos e depois disse: “fico-me por aqui”.
“Obrigado pelo não esclarecimento”, disse António Miguel Ferreira.

(LER NOTÍCIA NA ÍNTEGRA EDIÇÃO IMPRESSA 27-12-2006)