terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pedido de apoio para as Escolíadas divide executivo


O pedido do reforço de apoio para a realização das Escolíadas, evento cultural e recreativo que anualmente reúne centenas de jovens estudantes da região, foi o mote para as primeiras divergências no seio do novo executivo municipal, que na passada quinta-feira deixou vincadas posições diferentes quanto ao evento em causa, com o presidente da Câmara, Carlos Cabral, a destacar que “as Escolíadas não valem nada se a escola da Mealhada não concorrer”

Apesar de uma pequena ordem de trabalhos sem grandes decisões, a última sessão pública da Câmara acabou por ser mais extensa que o previsto na medida em que levou à reunião os responsáveis da Escolíadas - Associação Recreativo-Cultural, a pedir um apoio mais “substancial” para o evento mais expressivo da associação: As Escolíadas.
Cláudio Pires, da associação, esteve naquela sessão com o propósito de pedir “apoio para além da atribuição de medalhas, que faz anualmente”, argumentando que “em conversa com a vice-presidente, em Março passado, foi prometido uma nova forma de apoio mas tal não se veio a concretizar. O dirigente frisou igualmente que desde aquela data tem pedido para ser ouvido pelo presidente da Câmara, sem que tenha conseguido.
“A DREC apoia as Escolíadas, o IPJ aumentou para o dobro o apoio na última edição e a Câmara continua a dar o mesmo, ou seja, a pagar as medalhas, depois de termos insistido em que pudesse fazer algo mais pelo evento”, disse Cláudio Pires, anunciando que “há três concelhos interessados em receber o evento enquanto da Câmara Mealhada não temos qualquer resposta”.
O evento, que na última edição custou cerca de 47 mil euros, contou com o apoio da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) (3.000 euros) e do Instituto Português da Juventude (IPJ) que no último ano duplicou o apoio (passando de 4.500 para 9.000 euros), verbas estas que Cláudio Pires considera manifestamente insuficientes para levar a cabo o evento, daí ter recorrido à Câmara para garantir um apoio mais expressivo.
Na resposta ao pedido da associação, o presidente da Câmara começou por dizer que “a associação ao ser recebida pela vice-presidente da Câmara foi o mesmo que ser pelo presidente”, lembrando que “as candidaturas das associações culturais aos subsídios da Câmara decorreram de 1 a 30 de Junho passado”.
A vice-presidente, Filomena Pinheiro, por seu turno, disse que “a Câmara apoiou mais que o normal a ultima edição”. “Toda a despesa da Escola Secundária da Mealhada foi custeada pela Câmara. Esse foi o apoio diferente este ano, para além do que já é normal dar às Escolíadas” e lembrou que “a Câmara, pela via da relação institucional pediu apoio da DREC e do IPJ para o evento”.
“Agora se o evento corre o risco de ir para outro concelho, cabe ao Cláudio decidir onde quer pô-lo”, disse, reconhecendo que o evento representa “um momento extraordinário de envolvência dos jovens, levando, pelo local onde é realizado, a que as famílias tenham uma noção diferente e positiva do que é uma discoteca”.
Cláudio Pires respondeu e disse que apesar da Câmara ter custeado a participação da Mealhada nada adiantou porque “as escoliadas tiveram o mesmo gasto com qualquer uma das escolas”.

Posições diferentes sobre o evento

Não descartando a hipótese de avançar com um novo tipo de apoio, Filomena Pinheiro lembrou que pediu a relação das despesas que tiveram com as escolas “para analisar, porque o ano ainda não acabou e não decido sozinha”, disse, prometendo analisar o assunto para o próximo orçamento.
No seguimento das considerações do presidente da associação sobre a importância da associação que dirige e do evento, em particular, o presidente da Câmara afirmou estar
“farto dos argumentos que esta ou aquela associação é única ou faz eventos únicos e é melhor que as outras”. “Temos 53 associações e todas elas são únicas” e “para mim as Escolíadas não valem nada se a Escola da Mealhada não concorrer”.
Falando em defesa das Escolíadas, Miguel Ferreira (PSD) lembrou que não se deveria cometer “erros do passado ao criar barreiras com quem se disponibiliza para fazer este tipo de eventos”, e alertou para o perigo de se poder estar a “menosprezar um evento que tem a visibilidade mediática que tem e os jovens que envolve” argumentando que “se há concelhos que convidam as escolíadas é porque lhe reconhecem valor”.
Cabral respondeu, em seguida: “Gostaria que o senhor fizesse esse discurso à frente dos dirigentes das outras associações do concelho”.
Leonor Lopes (PSD) disse que as Escolíadas não podem ser comparadas com um rancho folclórico do concelho e defendeu que “há eventos que devem ter uma atenção privilegiada”.
Com posições diferentes da sua na mesa de reuniões, Carlos Cabral vincou que não está contra as Escolíadas nem contra a associação, mas lembrou que “há normas e padrões definidos de apoio às associações do concelho”. “Oponho-me que haja qualquer discriminação positiva”.
Arminda Martins (PS) destacou a qualidade do evento e contrariou o presidente: “Estamos aqui a analisar o evento e não a associação. O evento valerá a mesma coisa com ou sem a escola da Mealhada, contrario o senhor presidente pois a escola é que decide se quer participar ou não”.
Filomena Pinheiro reiterou a posição assumida: “Estou com o senhor presidente. Escolíadas sem as escolas da Mealhada não são Escolíadas”.
A primeira reunião pública deste novo colégio de vereadores nada mais trouxe para além da informação da Câmara sobre as competências da nova vereação.

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