terça-feira, 10 de novembro de 2009

Catástrofe simulada com criticas reais


Um “acidente” com um autocarro de passageiros e dois ligeiros provocou “dois mortos e 24 feridos”, no passado domingo, na Mealhada. A operação envolveu 73 bombeiros de sete corporações, que demoraram duas horas para resgatar as vítimas numa mega operação de salvamento. No final, e com a garantia que ninguém se magoou, todos ficaram satisfeitos com a prontidão e acção dos bombeiros neste simulacro para testar as reais capacidades de socorro num acidente deste tipo

Foi por volta das 10h00 da Manhã de domingo que um autocarro de passageiros, por razões desconhecidas, envolveu-se num “aparatoso acidente” com dois veículos ligeiros, provocando a morte dos respectivos condutores e fazendo feridos todos os ocupantes do autocarro. O acidente “deu-se” na Avenida 25 de Abril e serviu para testar as capacidades dos bombeiros para este tipo de sinistro, num simulacro que envolveu as corporações da Mealhada e Pampilhosa, para além dos bombeiros de Anadia, Águeda, Oliveira do Bairro, Cantanhede e Mortágua.
Em termos de números, o simulacro envolveu 73 bombeiros e socorristas, apoiados por 23 viaturas, para além de três Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER), uma Viatura de Intervenção em Catástrofe (VIC) e um Posto Médico Avançado.
No final, o comandante dos Bombeiros Voluntários da Mealhada, António Lousada, garantiu que os objectivos pretendidos foram conseguidos, frisando que o simulacro “serviu, e bem, para testar as capacidades dos bombeiros”, na medida em que “a qualquer altura podemos estar confrontados com uma situação destas e por isso há que ter qualidade e prontidão neste tipo de respostas”. “Esta é a melhor forma de nos prepararmos”, disse o comandante, apontando que “a articulação entre todas as corporações funcionou muito bem, dentro daquilo que era expectável”.
Ainda em jeito de balanço, e depois de duas horas de socorro às vítimas, incluído trabalhos de desencarceramento e resgate dos feridos do interior das três viaturas, António Lousada disse que ia reunir com todos os intervenientes e “tirar ilações sobre o que correu bem ou aquilo que, porventura, não correu tão bem”.
Este simulacro de acidente rodoviário, no âmbito do Plano Anual de Instrução dos bombeiros, foi feito em coordenação com a Protecção Civil Municipal e conta com a colaboração dos corpos de bombeiros já referidos, do Centro de Saúde da Mealhada, do INEM, da GNR e dos Escuteiros da Mealhada, para além do apoio e colaboração da Transdev e do Auto IC2.


Hospital da Mealhada fora do simulacro

O Hospital Misericórdia da Mealhada (HMM) ficou de fora do simulacro do passado domingo pelo facto de não estar referenciando pelo INEM, disse o director clínico daquela unidade, Aloísio Leão. Sobre o assunto, o presidente da Câmara da Mealhada, Carlos Cabral, lamentou a situação considerando que “se fosse uma situação real, a burocracia matava alguns”

Carlos Cabral reagiu daquela forma ao facto do exercício prever que os feridos fossem transportados para os Hospitais da Universidade de Coimbra em detrimento do hospital local. “Lamento profundamente esta situação e questiono porque é que os feridos não foram para o Hospital da Mealhada”, disse o presidente da Câmara.
“Não posso tolerar que a burocracia se sobreponha à vida das pessoas”, disse aos jornalistas o presidente da Câmara da Mealhada, frisando que vai “transmitir esta preocupação a quem de direito”, pois “embora isto seja um simulacro não se deve simular tanta coisa”. “Vou participar disto e não me calarei quanto ao assunto”, concluiu.
Sobre o assunto, o director clínico do HMM, Aloísio Leão, diz não saber quais os motivos pelos quais não deram “autorização ao hospital para receber os feridos”, explicando que no decorrer da semana passada “informaram que o HMM não estava referenciado para o INEM”. “Sinceramente, não tinha conhecimento do assunto, mas desde logo remeti toda a informação que foi pedida e garantiram-nos que teríamos autorização para participar no simulacro e passarmos a ser referenciados para o INEM”, disse o clínico, lamentando que “afinal, no dia do simulacro acabei por saber que ARS não tinha dado autorização para tal”.
Perante estes desenvolvimentos, Aloísio Leão promete que ao longo desta semana vai “averiguar” as razões que deixaram o hospital de fora, uma vez que “da parte do HMM houve um grande esforço para inverter a situação quando foi sabido que não éramos referenciados pelo INEM”.
Apesar de tudo, o director clínico assistiu ao simulacro, considerando que o mesmo “foi muito bem organizado, com muita coordenação e disciplina”.
Opinião semelhante teve o presidente da Câmara, ao afiançar que “a coordenação foi muito boa e os objectivos foram conseguidos, já que a finalidade era a formação dos bombeiros”.

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