quinta-feira, 4 de março de 2010

“Penacova, o Mondego e a Lampreia” alerta para as condições de sobrevivência da espécie

“Penacova, o Mondego e a Lampreia” é o título do livro, da autoria de Fernando Correia, da Pampilhosa, e de Carlos Fonseca, de Penacova, que foi apresentado, no domingo, em Penacova


Depois de uma obra dedicada aos javalis, eis que esta dupla de biólogos dão à estampa novo livro, desta vez dedicado à lampreia, com o apoio da Câmara Municipal de Penacova.
Ao longo das suas cerca de 300 páginas, o livro oferece-nos uma caracterização do concelho de Penacova, aborda o património natural do Mondego, a evolução da lampreia em Portugal, os factores de ameaça e conservação, incluindo ainda algumas receitas gastronómicas feitas à base desta apreciada iguaria, nomeadamente do Chefe Hélio Loureiro.
Na cerimónia de lançamento do livro, o presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, mostrou-se satisfeito com o apoio do município à obra que “vem defender dois dos maiores ícones do concelho de Penacova”. Na opinião do edil, “esta obra vem contribuir para o conhecimento mais profundo do Rio Mondego, por um lado, enquanto por outro vem defender a maior embaixadora da gastronomia penacovense, a lampreia”.
Bernardo Quintela, investigador do Centro de Oceanografia, centrou-se, por sua vez, no ciclo de vida da lampreia, enquanto que Pedro Raposo Almeida, professor auxiliar da Universidade de Évora e investigador do Centro de Oceanografia, abordou os factores de ameaça e conservação da espécie, sublinhando que “a destruição de habitat resultante, sobretudo da construção de barragens e outros obstáculos que impedem a progressão destas espécies para montante, é um dos factores que mais tem contribuído para a diminuição drástica das suas populações”.
“A recuperação da população de lampreias do Rio Mondego depende da construção da famigerada passagem para peixes no Açude-Ponte em Coimbra, uma infra-estrutura projectada há 10 anos que minimizaria um problema com perto de três décadas, duplicando a área de habitat disponível para esta espécie na bacia hidrográfica do Mondego”, sustentou aquele especialista, que ao longo dos últimos 10 anos se tem dedicado a estes assuntos e a lutar pela melhoria das condições de sobrevivência das lampreias.
“Este livro começou com a lampreia e desdobrou-se em três actos”, explicou Fernando Correia, um dos autores do livro, acrescentando que o livro “ajuda os munícipes de Penacova a terem outra perspectiva sobre o património que aqui têm”.
“Não é uma banda desenhada da ciência, mas em muito contribuirá para atrair outros públicos”, referiu ainda o biólogo e ilustrador científico da Pampilhosa, deixando uma série de agradecimentos, nomeadamente ao anterior e actual executivo da Câmara de Penacova.
Carlos Fonseca, por sua vez, deu conta da sua satisfação por estar a apresentar um livro seu no seu concelho e confessou-se “surpreendido com o resultado final do livro”.

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